domingo, 31 de janeiro de 2010

Exercitando a criação...

Estamos trabalhando há duas semanas na montagem do espetáculo.Karine e Wlad orientam os trabalhos de concepção e experiementação de imagens que podem compor as cenas. Foram sugeridos alguns exercícios com materiais como tecidos, mosqueteiros, varas... Esses exercícios buscam fazer associações com idéias de imigração, luta pela sobrevivência numa terra desconhecida, esperança, bem como com a construção de uma identidade hibridizada. O trabalho dos atores é árduo e exige força fisica, noção de equilibrio, controle da respiração, e acima de tudo muita doação.

Alguns exercicios realizados:


1) Batida dos pés como um sapateado- Os atores pressionam os pés sobre o chão e o tecido, através de batidas que remetem a um movimento de pés sobre o barro. Com essa movimetação, aos poucos, os atores vão entrando na atmosfera do trabalho, buscando a concentração necessária.




2) Corrida no pano- Três tecidos são espalhados pela sala e cada ator movimenta o seu numa corrida que vai sendo acentuada aos poucos. Nela, os atores arrastam os tecidos que adquirem diferentes formatos.Em seguida, Claudio Didiman entra em cena como uma espécie de “ladrão do tecido” e assim começa o que Karine chamou de “pira-pano”, na qual todos devem proteger seus tecidos do pé alheio. Esse exercicio que aparentemente é uma grande brincadeira proporciona aos atores o domínio sobre o tecido e contribui também para a interação do grupo.



3)Dobrar, desbobrar, exibir e dobrar novamene o tecido- Esse exercicio expõe uma das habilidades típicas dos árabes que é a habilidade com o comércio, pois sabemos que muitos imigrantes, ao chegarem no Brasi, trabalharam com vendas de mercadorias nos chamados regatões. É necessário que os atores dominem o movimento de dobradura do tecido, de modo que os seus corpos estejam totalmente envolvidos no jogo e nas imagens sugeridas pelos movimentos.Atrelado ao movimento da dobra do tecido, os atores exercitam a contação de histórias, fazendo referências às cartas dos descendentes libaneses que foram enviadas ao blog da pesquisa.





4) Exercício da Tempestade- Com os tecidos presos às varas os atores fazem movimentos de um lado para o outro da sala. Atribuindo às imagens a idéia de deslocamento, de partida. Os tecidos também parecem sugerir velas de barcos. A grande dificuldade dos atores tem sido o peso da vara atrelado ao tecido, porém estamos buscando materiais alternativos que possam facilitar esse movimento.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A EQUIPE

No elenco de “Brasileiramente, árabe!”, atores de descendência árabe: Maridete Daibes, Natalia Adbul Khalek e Dario Jaime Souza- descendente da família Khalarg. A concepção visual do espetáculo está sobre os cuidados de Klau Menezes que também possui descendência árabe – família Anaisse.
A escolha dos membros da equipe, já comprova como a cultura árabe está enraizada na cidade de Belém, pois são pessoas conhecidas no do nosso meio teatral, mas que talvez não tivessem a noção das tradições e dos valores libaneses que carregam. Valores estes que estão diluídos na identidade do povo paraense.
A direção do espetáculo é das professoras pesquisadoras Karine Jansen e Wlad Lima.
O ator Claudio Didiman também está assessorando a equipe, e eu, como bolsista da pesquisa, estou realizando o trabalho de registro do processo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A DRAMATURGIA...








Montar “Brasileiramente, árabe!” tem sido um exercício diário de percepção e associações de imagens. Ao longo dos encontros, atores e direção exploram objetos cênicos e atribuem a eles simbologias, relacionadas às informações adquiridas ao longo do trabalho de pesquisa da professora Karine Jansen. O ponto de partida tem sido as cartas enviadas pelas famílias libanesas ao blog da pesquisa.

http://brasileiramentearabe.wordpress.com


Essas cartas carregam uma multiplicidade de informações, sentimentos e sensações e tornam-se, sobretudo, um rico material para os atores. Nelas, encontramos referências a imigração das familias árabes que desembarcaram no Brasil, por volta do século XIX e inicio do século XX, por motivações políticas. Explorar essas cartas é trazer para o palco a possibilidade de revelar as relações culturais estabelecidas em Belém e no estado do Pará, que contribuem para a formação da nossa história e, consequentemente, da nossa identidade.

“Acreditamos que contribuímos neste projeto, com a memória da cidade e do país ao revelar as camadas culturais de pouca visibilidade social, além de acrescentar um olhar diferente para as culturas árabes e paraense. Pois, se a cultura árabe está exaustivamente exposta na mídia e relacionada a conflitos políticos, econômicos e religiosos, a cultura paraense muitas vezes, está aprisionada em estereótipos incapazes de indicar a sua complexidade e diversidade, tornando pouco conhecida, até mesmo dos paraenses.”

http://brasileiramentearabe.wordpress.com