terça-feira, 13 de abril de 2010

TEMPORADA


No domingo 11/04 encerrou-se a primeira temporada de Brasileiramente, arabes! Agora o sentimento da equipe é de orgulho pelo resultado alcançado. Foram dez apresentações. A cada dia uma energia diferente, no entanto, a satisfação do grupo era sempre a mesma. Ficamos muito felizes, principalmente, com os depoimentos das famílias dos descendentes de libaneses que vieram conferir e se emocionar com suas historias contadas e recontadas no palco.O espetáculo voltará em cartaz em breve!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Estréia


Depois de três meses de trabalho árduo, a equipe de Brasileiramente, árabes! pôde, finalmente, respirar aliviada. O espetáculo estreou ontem no Teatro Universitário Claudio Barradas às 21h. Antes da apresentação, os preparativos, o nervosismo, e ansiedade tomaram conta de toda equipe - inclusive de mim que era para ser apenas uma mera observadora do processo- Contudo, o sentimento que mais prevalecia entre nós era o de dever cumprido e de satisfação pelo resultado alcançado.
O publico presente foi bastante significativo e contou, sobretudo,com a presença dos alunos do 2º ano do curso da Graduação em Teatro da UFPA.
De agora em diante, resta a equipe relaxar e curtir a temporada que vai até o dia 11/04 de quarta a domingo! MERDA a todos!!!

Ensaio Geral

No dia 30 foi realizado o ensaio geral de Brasileiramente, árabes! O ensaio foi aberto para os alunos do curso técnico de cenografia que, ao final da apresentação, puderam emitir opiniões, criticas e sugestões para atores e direção. Este ensaio também foi
de grande relevância para os técnicos, uma vez que , luz, som e contra-regragem puderam ser devidamente afinadas.

sábado, 27 de março de 2010

Elementos Cênicos




Sonoplastia- A sonoplastia das cenas é composta basicamente por músicas árabes extraídas de fitas K7 cedidas pela familia da atriz Natália Abdul. A operação do som está sobre a responsabilidade de Edie Pereira.

Cenografia-Os objetos cênicos de Brasileiramente Arabe são uma atração à parte.Klau Meneses vem desempenhando dupla função no espetáculo. A artista confeccionou quase todo o material cenografico e ainda interfere nas cenas, juntamente com os atores.

Experimentando a maquiagem



A maquiagem de Brasileiramente Árabes será feita por Claudio Didman. Nos ensaios da semana passada, ele fez uma experimentação com os atores. O aprimoramento e a definição da maquiagem serão realizados assim que o figurino dos atores estiver pronto.

No teatro


A semana que passou foi uma semana difícil para elenco e direção. A transferência dos ensaios para o Teatro Claudio Barradas acarretou algumas dificuldades. A adaptação ao espaço exigiu esforço da equipe. O manuseio dos elementos cenográficos, as entradas e saídas dos atores, a marcação da sonoplastia, as projeções de luz... tudo teve que ser repensado. Esses contratempos alteraram o ritmo das cenas e a segurança dos atores. Contudo, no terceiro dia consecutivo de ensaio, o espetáculo voltou a fluir! Mais uma vez a coletividade e a paciência- traços inerentes ao fazer teatral-solucionaram nossas inquietações.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Video

Aí vão algumas fotos do processo de montagem do espetáculo.

domingo, 14 de março de 2010

Reta Final



Elenco e direção já estão na reta final da montagem. O roteiro de cenas ja está pronto e o momento agora é de afinação. A concepção visual do espetáculo também já está quase toda pronta. Optou-se por uma cenografia que é composta junto com a movimentação dos atores. Desta forma, os elementos cenográficos são colocados e retirados dentro da própria ação cênica.
Além dos objetos confeccionados por Klau Meneses, o trabalho também conta com o talento de Fernando Barrão e Rosa Marina na composição dos tecidos que mostram as fotografias das famílias dos descendentes, pintadas em voal por meio da técnica da aerografia.

Agenda• 29/03:Montagem de palco e luz
• 30/03:Ensaio Geral
• 31/03:Apresentação para alunos da ETDUFPA
• 01/04 a 04/04: Temporada no Teatro Universitário Claudio Barradas às 20h.

Contos Infantis


Meu primeiro contanto com o mundo mágico das histórias aconteceu quando eu era muito pequenina, ouvindo minha mãe contar algo bonito todas as noites, antes de eu adormecer, como se fosse um ritual...”- Abramovich, Fanny In: Literatura Infantil- Gostosuras e Bobices

As cenas que retratam os contos infantis das Mil e Uma Noites não poderiam ficar de fora de Brasileiramente Árabes. Quem nunca ouviu falar da história de Aladim, por exemplo?
Estão presentes no espetáculo as histórias das “Aventuras do Califa de Bagdá”, “Cherazade”, e a clássica “Aladim”-evidentemente. Nessas cenas os atores se transformam em exímios contadores, exageram na pantomima e na caricatura e divertem a platéia de maneira lúdica, envolvendo o espectador nas mais incríveis situações vividas pelos personagens. Contar é sempre encantar!!!

sábado, 13 de março de 2010

A Etnodramaturgia- Cartas

A etnodramaturgia de Brasileiramente Árabe vem sendo construída a partir das cartas enviadas pelos descendentes de libaneses no Pará ao blog da pesquisa da professora Karine Jansen. Ressalta-se que etnodramaturgia é uma maneira de compor a cena dramática no diálogo direto com determinados grupos culturais, em que o objetivo da ação dramática está em descrever para o espectador o contexto destes grupos imersos em uma teia de significados individuais e coletivos em um determinado tempo histórico. Portanto, nessas cartas Karine procurou identificar a simbologia dos elementos referentes à cultura árabe e como esses mesmos elementos dialogam com o contexto cultural de nossa cidade. Dessa forma, as cartas são vistas como documento de identidade desse povo.
A carta, aliás, sempre foi algo relevante na vida dos descendentes de libaneses no Pará, pois na época da imigração, era o único meio de comunicação entre as famílias. Enviar ou receber uma carta era algo extraordinário, como percebemos na seguinte passagem da carta de Lene Menezes:

“Então como meu avô era analfabeto, resolveu ensinar a língua libanesa para meu tio Elson(Soldado da Aeronáutica), onde esse meu tio passou a escrever as cartas para meu avô se comunicar com seus parentes que ficaram em Beirute. Era de costume, meu tio Elson responder as cartas à noite quando chegava do trabalho. Já meu avô, ao receber as correspondências de sua terra,reunia a noite na calçada com seus vizinhos também libaneses: Abrahão e Jamil e assim meu avô contava aos dois sobre cada carta recebida.”

Tendo como ponto de partida os dados das cartas, as cenas do espetáculo revelam sobre diferentes ângulos a identidade dos descendentes e revelam, sobretudo, essa Belém brasileiramente árabe! Como por exemplo, a partir das memórias de infância da atriz Maridete Daibes que estão ligadas à comida libanesa, vejamos:

Eu só vim me perceber descendente de libanês quando eu comecei a ir para os almoços na casa da tia Sali e lá tinha tanta comida diferente! Eram tantos cheiros e temperos que só então eu pude perceber que a minha família era, de fato, diferente.”

Percebemos que Maridete, ao dizer esse texto em cena, revive suas sensações da infância e ao mesmo tempo nos transporta, enquanto espectadores, para o universo da culinária árabe. Nos faz até mesmo sentir os cheiros e nos deixa desejando os sabores dessa comida.
Outro relato interessante e que faz um contraponto com a fala de Maridete, está na carta de Olinda Charone que “não se reconhece” ou “não se aceita” enquanto descendente de libanês. Como podemos notar na fala interpretada pela atriz Natália:

“ Eu não gosto dessas comidas não. Acho que é porque não fui habituada a comer, sabe? Eu só vim me dá conta que eu era descendente de libanês quando vocês me pediram pra escrever essa carta. Pra falar a verdade, a única coisa que eu tenho de libanês é o meu nariz e pra ser sincera, eu não gosto dele não!”.

Esta fala, a princípio, revela um certo descaso de Olinda aos costumes libaneses, no entanto, ao final do texto a atriz Natália lança mão do recurso da ironia e transmite de forma cômica o dado presente na carta de Olinda referente ao traço físico que não pode ser escondido, ou seja, o fato de ser descendente de libanês está no corpo, está literalmente estampado em seu rosto.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Práticas Performáticas



Dentre as práticas performáticas libanesas, temos no espetáculo referencia a ação de fumar por meio do Narguilé.
O Narguilé tem origem no Oriente. Uma das versões é a de que o narguilé teria sido inventado na Índia do século XVII, pelo médico Hakim Abul Fath, como um método para retirar as impurezas da fumaça. Quando chegou à China, passou a ser utilizado para fumar o ópio, e assim permaneceu até a revolução comunista, no fim da década de 40. Na mão dos árabes, o cachimbo de água foi rapidamente incorporado para ser apreciado em grupo, acompanhado de café e prosa. Existem evidências históricas de narguilés na Pérsia e na Mesopotâmia.
As peças mais primitivas eram feitas com madeira e um coco que fazia o lugar do corpo (o nome origina-se do persa nārgil, que significa "coco").
Com o desenvolvimento das civilizações e as expansões territoriais (principalmente dos países europeus), o narguilé, já similar ao que conhecemos hoje (com base de cerâmica ou porcelana e corpo de metal), começou a ser divulgado, e trazido junto com especiarias como cravo e canela. No Brasil, o narguilé foi trazido por alguns imigrantes europeus, e divulgado pelas colônias turca, libanesa e judaica.
A pesquisa evidencia, através dessa referencia, que a história de um corpo biológico, ao praticar formas espetaculares de performance, revela também a história de um corpo cultural e social.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Contação de histórias



O ato de contar histórias está intimamente ligado ao povo árabe. Os árabes revelam verdadeira fascinação pelas histórias e pelas lendas, não havia aldeia árabe que não tivesse um contador de histórias. Segundo Malba Tahan, na apresentação do livro “As mil e uma noites”, em algumas cidades- Cairo, Damasco, Constantinopla – os contadores de histórias reuniam-se em verdadeiros “sindicatos”. Cada corporação era dirigida por um deles, de maior prestigio e autoridade, que tinha o titulo de cheik el-medah, que significa “chefe dos contadores do café”.
No espetáculo Brasileiramente Árabe, os atores assumem o papel do contador de histórias, uma vez que exploram as narrativas presentes nas cartas dos outros descendentes de libaneses, bem como suas próprias histórias familiares. É interessante perceber como o exercício de contar faz com que os atores descubram, ou reconheçam uma nova identidade cultural.

Concepção Visual




Ao longo dos encontros, Klau Menezes vem apresentando propostas de objetos que irão compor as cenas. Klau vem pesquisando mandalas, arabescos e as cores que darão unidade plástica ao espetáculo, em harmonia com a iluminação. A cenógrafa utiliza-se, basicamente, do reaproveitamento de latas em conjunto com arames e tecidos.Pelo o que já percebemos, o resultado será primoroso!

Trabalho individual:


Na terceira semana de montagem, a direção decidiu trabalhar individualmente os atores, sendo um a cada dia da semana. No final da semana, a equipe se reencontra e retoma o trabalho coletivo. Essa dinâmica permitiu um avanço considerável no ritmo da montagem e possibilitou aos atores mais precisão e amadurecimento nos exercícios e nas cenas individuais.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Exercitando a criação...

Estamos trabalhando há duas semanas na montagem do espetáculo.Karine e Wlad orientam os trabalhos de concepção e experiementação de imagens que podem compor as cenas. Foram sugeridos alguns exercícios com materiais como tecidos, mosqueteiros, varas... Esses exercícios buscam fazer associações com idéias de imigração, luta pela sobrevivência numa terra desconhecida, esperança, bem como com a construção de uma identidade hibridizada. O trabalho dos atores é árduo e exige força fisica, noção de equilibrio, controle da respiração, e acima de tudo muita doação.

Alguns exercicios realizados:


1) Batida dos pés como um sapateado- Os atores pressionam os pés sobre o chão e o tecido, através de batidas que remetem a um movimento de pés sobre o barro. Com essa movimetação, aos poucos, os atores vão entrando na atmosfera do trabalho, buscando a concentração necessária.




2) Corrida no pano- Três tecidos são espalhados pela sala e cada ator movimenta o seu numa corrida que vai sendo acentuada aos poucos. Nela, os atores arrastam os tecidos que adquirem diferentes formatos.Em seguida, Claudio Didiman entra em cena como uma espécie de “ladrão do tecido” e assim começa o que Karine chamou de “pira-pano”, na qual todos devem proteger seus tecidos do pé alheio. Esse exercicio que aparentemente é uma grande brincadeira proporciona aos atores o domínio sobre o tecido e contribui também para a interação do grupo.



3)Dobrar, desbobrar, exibir e dobrar novamene o tecido- Esse exercicio expõe uma das habilidades típicas dos árabes que é a habilidade com o comércio, pois sabemos que muitos imigrantes, ao chegarem no Brasi, trabalharam com vendas de mercadorias nos chamados regatões. É necessário que os atores dominem o movimento de dobradura do tecido, de modo que os seus corpos estejam totalmente envolvidos no jogo e nas imagens sugeridas pelos movimentos.Atrelado ao movimento da dobra do tecido, os atores exercitam a contação de histórias, fazendo referências às cartas dos descendentes libaneses que foram enviadas ao blog da pesquisa.





4) Exercício da Tempestade- Com os tecidos presos às varas os atores fazem movimentos de um lado para o outro da sala. Atribuindo às imagens a idéia de deslocamento, de partida. Os tecidos também parecem sugerir velas de barcos. A grande dificuldade dos atores tem sido o peso da vara atrelado ao tecido, porém estamos buscando materiais alternativos que possam facilitar esse movimento.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A EQUIPE

No elenco de “Brasileiramente, árabe!”, atores de descendência árabe: Maridete Daibes, Natalia Adbul Khalek e Dario Jaime Souza- descendente da família Khalarg. A concepção visual do espetáculo está sobre os cuidados de Klau Menezes que também possui descendência árabe – família Anaisse.
A escolha dos membros da equipe, já comprova como a cultura árabe está enraizada na cidade de Belém, pois são pessoas conhecidas no do nosso meio teatral, mas que talvez não tivessem a noção das tradições e dos valores libaneses que carregam. Valores estes que estão diluídos na identidade do povo paraense.
A direção do espetáculo é das professoras pesquisadoras Karine Jansen e Wlad Lima.
O ator Claudio Didiman também está assessorando a equipe, e eu, como bolsista da pesquisa, estou realizando o trabalho de registro do processo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A DRAMATURGIA...








Montar “Brasileiramente, árabe!” tem sido um exercício diário de percepção e associações de imagens. Ao longo dos encontros, atores e direção exploram objetos cênicos e atribuem a eles simbologias, relacionadas às informações adquiridas ao longo do trabalho de pesquisa da professora Karine Jansen. O ponto de partida tem sido as cartas enviadas pelas famílias libanesas ao blog da pesquisa.

http://brasileiramentearabe.wordpress.com


Essas cartas carregam uma multiplicidade de informações, sentimentos e sensações e tornam-se, sobretudo, um rico material para os atores. Nelas, encontramos referências a imigração das familias árabes que desembarcaram no Brasil, por volta do século XIX e inicio do século XX, por motivações políticas. Explorar essas cartas é trazer para o palco a possibilidade de revelar as relações culturais estabelecidas em Belém e no estado do Pará, que contribuem para a formação da nossa história e, consequentemente, da nossa identidade.

“Acreditamos que contribuímos neste projeto, com a memória da cidade e do país ao revelar as camadas culturais de pouca visibilidade social, além de acrescentar um olhar diferente para as culturas árabes e paraense. Pois, se a cultura árabe está exaustivamente exposta na mídia e relacionada a conflitos políticos, econômicos e religiosos, a cultura paraense muitas vezes, está aprisionada em estereótipos incapazes de indicar a sua complexidade e diversidade, tornando pouco conhecida, até mesmo dos paraenses.”

http://brasileiramentearabe.wordpress.com